domingo, 27 de abril de 2008

Rainhas

Eu queria que a rainha da Inglaterra,
a mais rica e aristocrática das rainhas,
tomasse chá comigo.
Eu iria expor as imensas necessidades
do meu povo brasileiro.
Será que é muita vaidade?
Tenho certeza que a distinta senhora
iria se comover e ajudar
o meu povo brasileiro.
É bem verdade, que , no passado,
seus bisavós invadiram e saquearam o meu país.
Isto é o que a história diz...
Mas, faz tanto tempo...
Estamos em outro momento.
Vou apelar à rainha da Espanha,
atarefada com o casamento da Infanta.
A rainha da Suécia, me daria atenção?
Sua realidade é tão outra,
haveria chance de consideração?
As mulheres são um momento sublime da Criação.
Por isto, vou apelar às rainhas.
Mulheres tem ciclo menstrual,
podem entender o problema visceral
da fome, da miséria,
coisa feia, triste, séria.
Os reis estão sempre atarefados,
insones, diante das finanças,
das guerras, das revoluções,
dos tremores da Bolsa de Valores.
As rainhas, ficam às voltas com as crianças,
com todo o respeito,
são elas que dão o peito...
Temos que instruí-las e aporrinhá-las,
para que se preocupem com a miséria,
coisa feia, triste, séria,
e que também é mãe,
de um berço que não balança.
Ah! Os tristes filhos da miséria!
Ninguém quer ver, quer olhar!
As rainhas, a qualquer momento,
podem sofrer a tragédia
de se transformar em reféns da miséria.
Rainha fútil e bela, perdeu a linda cabeça,
na Revolução Francesa.
E tudo, por causa do pão,
aquele, que, quando falta,
todos gritam, e ninguém tem razão.
Será que as rainhas sabem
onde fica o Muro das Lamentações?
Dizem que é em Jerusalém...
Será que não fica mesmo no coração
dos que nem comida têm?

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