sábado, 17 de maio de 2008

Amor ao vencedor

Todos amam o vencedor.
Não vencer, que horror!
Admiramos os ídolos da mídia
por ela elaborados, fabricados.
O momento da vitória nos redime
da frustação trivial, cotidiana,
e fica lá, mais adiante
suspenso e radiante,
como um alvo que alcançamos.
Por isso, só por isso, amamos o vencedor
e repugnamos, com pavor, o perdedor.
Será uma herança dos romanos?
O sacrifício do gladiador?
tudo o que não sobe ao pódio
nos percebe, solicita e pede
a caridade que negamos.
Tudo o que não tem medalhas, atrapalha,
é triste, feio, sem valor.
O vencedor, idolatramos.
O perdedor, execramos.
Será mesmo que o que não se aprende pelo amor
só se aprende pela dor?
Algum dia deixaremos de julgar pela aparência?
Algum dia, quando recobrarmos a inocência?

0 comentários: