domingo, 3 de agosto de 2008

Meu menino

Meu menino, a quantas andas?
Meu menino, com quem desandas?
Seu corpo é meu confidente.
É ele que fala, que cala,
que sempre me surpreende.
É ele que anda trotado, sincopado,
como se houvesse na ponta dos pés
uma súbita fuga preparada,
pronta a qualquer emergência,
uma fuga de urgência,
atropelada.
Quando ele anda, balançam
os fios desarrumados, espalhados,
pela nuca, pela testa,pelos lados,
diante dos meus olhos, maravilhados.
Quando ele para, não para,
simplesmente.
Ele estaca, de repente,
à espreita, à escuta,
sempre tenso, sempre o tal,
e nunca, nunca, banal...
É sempre aquele grande animal...
Sempre alerta, característico,
sempre sensual.
Sua postura acesa
lhe dá esse ar de presa,
de arco retesado,
de aprisionado vôo de flecha.
Meu menino, você me interessa.
Por você eu tenho pressa,
e continuamente mudo de direção,
como um navio acertando a rota,
pelo seu olhar acuado, acelerado,
meu menino calado,
e, mais que tudo,
por seu andar sincopado...

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