quarta-feira, 30 de abril de 2008

Aqui, e lá fora

Aqui, e agora, aprendizado.
Lá fora, a tese de mestrado.
Aqui, e agora, os diferentes afazeres.
Lá fora, o contato com outros seres.
Aqui, e agora, o caminho, o espinho.
Lá fora, os odores de mil flores.
Aqui, e agora, o contato imediato com o mal.
Lá fora, a finalidade principal:
a vivência de um amor bem mais real,
da caridade abençoada,
concedida e auferida
como um tipo de respiração:
indispensável, vital.
Aqui, e agora, as lágrimas incandescentes,
turvas, doídas, massacrantes.
Lá fora, o bem estar comovente
de convivências inebriantes.
Aqui, as ambições inconfessáveis,
as paixões não resolvidas.
Lá fora, a fratenidade
de inúmeras mãos amigas.
Aqui, e agora, a prisão.
Lá fora, a libertação.

1 comentários:

marcela primo disse...

§

Isso que é confuso para mim.

No seu outro poema, "Investigando o eu adormecido", se revela a necessidade de fazer esse caminho para dentro e tentar, de certo modo, nos libertar das correntes que nos oprimem, sejam elas criadas por nós (como proteção) ou pelas coisas "de fora"... os hábitos que somos forçados a adquirir aolongo dos tempos para satisfazer a uma certa sociedade. Conhecer a nossa essência, seria uma forma de libertação, ou pelo menos, de caminhar entre os outros com mais "desenvoltura"... não sei...

Porém, o que está posto neste poema, também é verdadeiro. O caminho da introspecção, muitas vezes, se mostra ainda mais perigoso que caminhar entre as feras, às quais chamamos de irmãos. Porque não é, simplesmente, tomar consciência de um "eu" adormecido. Mas arriscar-se num labirinto, avançar degraus e mais degraus em direção ao subsolo, sem perspectiva, muitas vezes de retornar. Porque esse "eu" multifacetado, que não é belo ou horrível (talvez seja ambos, por isso, sublime), também nos prende e cerceia. Daí temos de recorrer às mesmas mãos que nos apedrejaram para tentar voltar à superfície.

Enfim... são coisas que penso, vez ou outra. Talvez a arte seja, mesmo, a única resposta saudável a todas essas indagações, justamente por não se propor a resolvê-las...

Escrevi demais, né? rs...

§