sábado, 19 de abril de 2008

Filhos

Que faremos, jamais,
quando os filhos nos chegarem,
e sempre, para sempre, nos amarem?
E nos deixarem?
E herdarem:
nossos olhos, nossas mãos,
nossas perplexidades?
Que faremos, jamais,
com a mobília e os ideais fora de moda,
moídos pela roda
do tempo, da fortuna?
Que faremos da casa abandonada,
de paredes rachadas?
Que faremos, jamais,da compreensão
que cada um deles vai ter do seu próprio chão:
para sujar, para lavar, para pisar,
e amaldiçoar?
Que faremos, jamais,
com a nossa patética proteção,
risível, previsível,
dispensável?
Os filhos chegam e se vão,
deixando ainda quentes os berços onde dormiram,
e debruçados e insones, ficamos,
por incomensuráveis anos...
Temos que desligar o botão da emoção
aos poucos, devagarinho,
abaixar a corrente de carinhos,
bem de mansinho,
e mantê-los perto, baixinho,
dentro do coração...

1 comentários:

Anônimo disse...

Ah, mammy!E não é que você está certa?E sempre me dizia:"um dia você vai entender..." Pois é isso, apesar de ainda pequenos, já começo a sentir suas tentativas de alçarem vôos cada vez maiores...Motivo de orgulho e de preocupação.Você colocou tudo com muita sabedoria e propriedade.O engraçado é que no início, queremos que eles cresçam depressa, que engatinhem, andem, falem logo! Que saiam das fraldas, que aprendam a ler, que se tornem mais independentes , mas a cada nova conquista, vão se desapegando um pouco mais de nosso colo, de nossa proteção...Mas, creia que, a função nunca termina.Até hoje quero seu colo! Beijos.Te amo demais!!! Luluca