domingo, 27 de abril de 2008

Rosa dos Ventos

Vivo de expectativas, vivo,
de revoltas e doçuras.
Ser visceral, inconstante, êrmo,
não cabem, em mim, os meio-têrmos,
Não!
Cabeça fria, coração que sente,
estou, quando não estou presente,
na ausência ,sou.
Enxergo a alheia calma, leio a alma,
e guardo, resguardo, compreendo e calo.
Desvendar difícil e fácil, transparente,
segredo cinza, esfumaçado, sou.
Arco e flecha, retesada, vou.
Acerto o alvo. Ameaço. Faço e desfaço.
E no meu rastro há um clima
de claro-escuro, de luz, de treva,
e o dom do açoite, da palavra, e do perdão.
Caminhar comigo, é rede de malha,
é sorrir, chorar, festa bandalha.
Continuamente penso, me consumo pensando,
(e penso, ainda),
mas ajo lentamente,
com preparações de noiva,
cerimônias, amuletos,
goteira em cima da cama,
e sutilezas dos gatos no telhado,
olhando a lua.
Cerco, modifico, sonho.
Paciente estrategista dos meus mêdos,
a estratégia toda se desarma
no abraço ganho.
Tenho, em mim, esses recantos:
um laçarote de trança,
rebuscamentos de valsa,
e bamboleios malandros,
sagacidades, asneiras,
espantalhos, ratoeiras,
escondidos pelos cantos.
Feliz, só de passagem,
amo.(Com a cara e a coragem).
São petulãncias tímidas e quietas.
As molduras não se enquadram
no tamanho do retrato,
e nem possui quatro lados.
Meu retrato é circular,
tal como rosa-dos-ventos,
partindo de um centro único,
para todos os quadrantes,
viajante, navegante,
estrela errante,
esta, sou eu.

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