Vivo de expectativas, vivo,
de revoltas e doçuras.
Ser visceral, inconstante, êrmo,
não cabem, em mim, os meio-têrmos,
Não!
Cabeça fria, coração que sente,
estou, quando não estou presente,
na ausência ,sou.
Enxergo a alheia calma, leio a alma,
e guardo, resguardo, compreendo e calo.
Desvendar difícil e fácil, transparente,
segredo cinza, esfumaçado, sou.
Arco e flecha, retesada, vou.
Acerto o alvo. Ameaço. Faço e desfaço.
E no meu rastro há um clima
de claro-escuro, de luz, de treva,
e o dom do açoite, da palavra, e do perdão.
Caminhar comigo, é rede de malha,
é sorrir, chorar, festa bandalha.
Continuamente penso, me consumo pensando,
(e penso, ainda),
mas ajo lentamente,
com preparações de noiva,
cerimônias, amuletos,
goteira em cima da cama,
e sutilezas dos gatos no telhado,
olhando a lua.
Cerco, modifico, sonho.
Paciente estrategista dos meus mêdos,
a estratégia toda se desarma
no abraço ganho.
Tenho, em mim, esses recantos:
um laçarote de trança,
rebuscamentos de valsa,
e bamboleios malandros,
sagacidades, asneiras,
espantalhos, ratoeiras,
escondidos pelos cantos.
Feliz, só de passagem,
amo.(Com a cara e a coragem).
São petulãncias tímidas e quietas.
As molduras não se enquadram
no tamanho do retrato,
e nem possui quatro lados.
Meu retrato é circular,
tal como rosa-dos-ventos,
partindo de um centro único,
para todos os quadrantes,
viajante, navegante,
estrela errante,
esta, sou eu.
domingo, 27 de abril de 2008
Rosa dos Ventos
Postado por Lia Sophia às 12:04
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